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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A MONTANHA (Sérgio Filho)


Às vezes a vida me parece uma viagem ao desconhecido. Ora, a gente nasce sem saber, vive sem saber e morre sem saber de nada. Deve ser isso mesmo. Mas nem isso eu sei. Vai ver tem sentido. Propósito? Já não sei. Já achei que sim, hoje acho que não. 

O fato é que parece fazer sentido que o nosso propósito seja então se alinhar a esse movimento. Já que a gente sai do ventre sem saber pra onde ir, decidi fazer o mesmo, agora que sou grande (tá bom, nem tão grande assim). 

É claro que, graças a alguns seres tão especiais que nem tenho como descrevê-los, ainda tenho casas. Sim, casas. Porque algum dia eu descobri que não dava para não ir ver o mundo. Que não dava para não ouvir outra língua, outro jeito de falar a minha língua, outro jeito de olhar as coisas. Que não dava pra pegar o caminho mais curto, pois as horas que eu iria economizar são aquelas que guardam as melhores visões, as melhores reflexões, as melhores ideias. Que o avião que eu deixei de tomar e as horas a mais que eu passei no ônibus foram as que me permitiram o melhor encontro. 

Hoje eu subo a montanha. Amanhã vai saber... 

Fonte: Aroldo Galindo

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