Acordo. Ainda não é dia e acordo. Meus olhos, obliquamente posicionados, capturam a luz do poste, esgueirando-se – sutil e morna – por entre os vidros da janela.
A luminosidade mortiça que vem de fora, possuindo, quieta e tristemente, o ambiente, faz-me ver volumes de livros inertes a se deixarem massagear por réstias inquietas de caramanchões nos títulos refletidas: o poder da penumbra.
Ouço sons quase inaudíveis: um vem de fora do quarto – a porta entreaberta traz-me Chopin vagando pela solidão da noite; o outro parece gestado dentro de mim mesmo... preso a mim mesmo: Tua voz... Tua voz rouca ensandecendo meus ouvidos.
Duelo, solitário e inquieto, contra a Noite... dentro da Noite. Ela, a Noite, a um só tempo superposta e enraizada no cerne da Terra, domina a Cidade Adormecida e, dominando-A, domina-me; e, dominando-me, encarcera-me na Distância Agreste de Ti: amo Você... amo Você... e Teu Rosto (Rota Nebulosa? Navegação Incerta?) é a única e mais inefável imagem presente nesta Ausência sem nome: Saudade Indelével.
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