TRADUZIR-SE
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
(Ferreira Gullar)
4 comentários:
Poeta,que post instigante. Vou procurar a música é dele,né?
Bjs
A música é do FAgner. E é linda.
Aew, cumpadi! Vamos poemar! Pq parou?
Rsrs... Eu não parei, cumpadi! Na verdade, não paro... Estou cheio de trabalhos a realizar. Há algumas produções... Mas não tenho tempo de cofificá-las... rsrs
Abração!
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