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domingo, 25 de maio de 2008

Solitude...


Com os que habitam no cerne da terra profícua convivi,
Com eles, de relevos engravidei-me...
Com eles, de planícies e planaltos inundei-me...

Com a clivagem dos metais me fiz,
Com ela, a vida me foi parida aos pedaços...
Um despedaçar sem fim...

Agora, só estou:
Na alma, um fugidio e indelével relevo...
Ancestralidade que o nada sedimenta...

Agora, só estou:
Na alma, a dolente e primeva clivagem...
Ancestralidade que o tudo cinde...

Agora, só estou:
Um quase nada:
Um relevo que não se diz, 

Uma clivagem que não se faz...

Agora, só estou:
Silencio ante o que ensurdece... 

Disperso-me ante o que unívoco se pretende...

Agora, só estou:
E a alma, deambulante, esvai-se, 

Esvai-se por entre as inóspitas caatingas...

[DiAfonso]



3 comentários:

lula eurico disse...

Que maravilha!!! Agora sim, tens um sítio a altura da tua obra. Magnífico!!!
Salve, Poeta!

Diogo Caceres disse...

Amigo, belo templo das palavras encontrei aq.... parabens pelo belo blog.
Realmente a solidão as vezes faz parte de nossa trajetoria, mas como disse o poeta espanhol Gustavo Adolfo Becquer, "a solidão é muito bela... quando se tem alguém a quem o dizer".
Ótima terça e muita paz!!!

Unknown disse...

Parou ? Não faça. As palavras versadas proporcionam viagens incriveis. Abraços Yvy

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