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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O FATO (ou, esvaziamento do discurso acadêmico)


O sol é exato, é fato.
A ciência apura: quantas, fótons.
E eu, cá embaixo,
Um fato?

Dado concreto, objeto dissecado.
No entanto, assistemático.
Quem mensura não me explica.
Que morra toda a estatística
E que a ciência estertore
Como fato de cabrita
Pendurada no curtume.

Sob o sol, nesses ardores,
Não calculem minhas dores.

Quero p(r)o(f)etas,
Não, doutores.


O sol deveras é exato, lá no alto.
E eu,
o objeto, o fato,
ressecado no arame.

Rejeito o método.
Rejeito o número.
Rejeito o nome.

Só me consumo.
E o sol me consome.

Eis um homem!


Fonte da imagem:
Estamira - o filme

3 comentários:

kaisu marjatta disse...

natal poika koskettava kuva ja runo. hyvin karu ja armoton totuus ilman koruja. ilman turhia korulauseita niin paljas kuin kuolema iholla.

Anônimo disse...

Muito bom. Parabéns. adorei.

Tomei a liberdade de enviar seu link para o:

http://linkandovoce.blogspot.com/

Profdiafonso disse...

Obrigado pelo comentário, BELcrei. Se desejar, poderá visitar o blog do autor deste magnífico discurso poético: EU-LÍRICO [amigo e "cumpadi" de longas jornadas nesse mundo do fazer poético].

Grande abraço!

ps. Fique à vontade para reblogar textos do SPIRITUS, Terra Brasilis e Terra Brasilis Educacional se assim for conveniente. Peço-lhe apenas a inserção dos devidos créditos.

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